A Organização Espacial da Cidade do Recife e a Produção do Espaço.

sábado, 6 de setembro de 2008

A Organização Espacial da Cidade do Recife e a Produção do Espaço: Quanto a forma, estrutura, processos e temporalidades.

Segundo Pereira da Costa primeiro foram os rios, Capibaribe, Beberibe, Jiquiá, Pina, e Jordão, que embelezavam a planície depois veio o colonizador português que, fundando um ancoradouro, o chamou de “Arrecifes dos Navios”.
Do núcleo formado pele porto a partir de 1537 cujo o sítio urbano é uma planície fluvio-marinha surgiu a cidade do Recife, os bairros de Santo Antônio e Boa Vista só vieram aparecer no século XVII e o restante da cidade continuava a ser chamada de “Arredores”.
A povoação da planície foi constituída, em sua maioria, pelos engenhos do açúcar que, como um fixo da paisagem gerou o desenvolvimento econômico da antiga capitania como também, uma distribuição da população em áreas adjacentes. Os núcleos de engenhos foram, com o passar do tempo, sendo modificados em povoações e estas em subúrbios que uniram-se aumentando os aglomerados humanos e dessa forma originando a cidade do Recife.
A noção de produção que pretendo apresentar nesse trabalho tem um conteúdo que a economia lhe confere; à produção do homem, as condições de vida da sociedade em sua diversidade de aspectos. A intervenção holandesa (1637 – 1654 ) foi um fator decisivo para o direcionamento de três eixos de urbanização da parte central do Recife, com a construção de fortes e redutos para impedir os ataques por terra e também, através da intervenção planejada de Maurício de Nassau. O primeiro eixo seguiu em direção ao norte do bairro do Recife no caminho para Olinda, onde encontra-se como elementos da paisagem o forte do Brum e a fábrica de biscoitos Pilar. O segundo eixo , atravessou o rio Capibaribe e ocupou a ilha de Antônio Vaz, atuais bairros de Santo Antônio e São José. Ainda durante o século XVII construiu-se a Fortaleza das Cincos Pontas e a ligação por dique, deste forte ao “Aterro dos Afogados,” atual rua Imperial. O terceiro, configurou-se nos meados do século XVIII a partir da implantação do aterro da Boa Vista, na margem esquerda do Capibaribe, contornando a rua da Imperatriz e, na parte mais firme, o Bairro da Boa Vista.
No contexto de formação da cidade do Recife deve-se mencionar a importância das intervenções políticas nas mudanças das paisagens, nos séculos pretéritos não se pode deixar de comentar a contribuição planejada a partir do plano Pieter Post encomendada por Maurício de Nassau e parcialmente executada na ilha de Antônio Vaz (bairro de São José). Essas intervenções continuaram nas décadas de 1940 e 1950, com a abertura da avenida Conde da Boa Vista, Avenida Guararapes, Sigismundo Gonçalves, no bairro do Recife, chegando ao prolongamento da avenida Dantas Barreto nos bairros de São José e Santo Antônio ocorrida na década de 1970.
Segundo Milton Santos, forma é o aspecto visível, exterior, de um objeto, referindo-se ainda ao arranjo deles, que passam a constituir um padrão espacial. A estrutura, o processo, função e forma são categorias analíticas que permitem a compreensão da totalidade social e sua espacialização. Um exemplo: A cidade do Recife, mais especificamente, o bairro do Recife foi se especializando, a partir dos holandeses, como centro comercial, intermediando a circulação de mercadorias em função da presença do Porto e dos Judeus comerciantes por natureza. Surgiram sobrados com o comércio localizado no térreo e a moradia nos andares superiores. Com a especialização cada vez maior do centro com serviços e setor bancário, a população foi deixando o centro como lugar de moradia e as funções do bairro foram sendo alteradas; São José que era um bairro residencial de população abastada nas décadas de 1930 e 1940, passa pela deterioração das moradias, surgimento de cortiços e pensões e depois, estabelecimentos comerciais; No início do século XX, já apresentava forte grau de especialização portuária e de entreposto comercial. Nos outros bairros, continuou a predominância de áreas residenciais, inclusive para a população de baixa renda; os mocambos se faziam presentes em todas a cidade. Quanto a forma e a distribuição dos objetos inseridos na paisagem da cidade do Recife, podemos identificar num primeiro plano os arrecifes de arenito, situados próximos da costa ou a ela ligadas. Podem estar submersos, mas algumas vezes se alinham como muralha um pouco acima do nível do mar. Assim como está posto em nosso porto. Com relação a distribuição dos objetos criados pelo homem podemos mencionar veleiros, alfândegas, estabelecimentos comerciais, postos de armazenamento etc.
Quanto a estrutura que corresponde a Natureza da sociedade e do quadro econômico da sociedade neste momento histórico, não é muito significativo dizer que a sociedade do Recife teve sua gênese da povoação do Núcleo de pescadores portugueses. A atividade inicial na ilha do Recife estava baseada essencialmente de marítimos e portuários, ou seja, de indivíduos que mestrava barcaças e veleiros, e que se ocupavam e todo o trabalho de embarque de mercadorias também, era feito de forma braçal pois, não existia guindastes,ruas e gruas.
O padrão espacial, mas à maneira como as relações aconteciam gerou efeitos no modo de vida da sociedade isto, pode ser evidenciado com a vocação atribuída de comerciantes aos moradores desta cidade, certamente nascida da riqueza do açúcar, que contribuiu para o espraiamento de uma Organização espacial baseada na prestação de serviços. O aglomerado foi apresentando crescimento e passando da condição de vila a cidade e o crescimento de forma contínua, mais o contexto histórico, fez Recife suplantar Olinda. O Recife então, tornou-se o centro cultural avançado onde estudavam os nordestinos que aqui vinham de colégios de padres e freiras, e sobretudo para fazer o curso de direito, o Teatro Santa Isabel, com seus espetáculos e mais tarde o aparecimento das corridas dos Hipódromos entre outro eventos ganhando dessa forma uma especialização de cidade cultural.
A cultura, enquanto manifestação de expressão popular e artística, têm posição de destaque, pela tradição histórica e pela identidade cultural que ocupa hoje a cidade do Recife, considerado um dos maiores centros de produção artística com uma diversidade de rítmos, a música vem se destacando, sobretudo após resgates de sons regionais, em que se destacam misturados com a música pop, chamando a atenção da mídia nacional para o som regional/local. O movimento Mangue Beat vem proliferando através de várias bandas regionais em que se destacam rítmos locais como o Maracatu, o Coco e o Forró.Assim o Recife se consolida como centro disseminador de novas e tradicionais tendências culturais. Além disso, outros setores se afirmam e fazem parte da Agenda Cultural do Recife, como museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães, os festivais de cinema, de dança e de teatro, que projetam sua cidade para além de suas fronteiras. Vale destacar a importância da cidade do Recife como importante pólo cultural.A metrópole recifense apresenta hoje influência nacional.
O desenvolvimento econômico do Recife se deu a partir do setor terciário, desde quando a cidade se destacava pela sua função de entreposto comercial com Portugal, através da exportação do açúcar.
Hoje as atividades comerciais e de prestação de serviços são predominantes e respondem por 95% da riqueza gerada. São atividades ligadas ao terciário moderno (tecnopólo), de comércio e serviços ( shoppings, serviços médicos, de engenharia, ensino e pesquisa, e prestação de serviços educacionais)
O Recife se tornou um reconhecido centro universitário e de produção do conhecimento e atraindo pessoas que aqui chegam em busca de conhecimento de ponta nas diversas áreas e setores ( tecnologia da informação, o médico, o de engenharia, consultoria empresarial, markenting, propaganda, advocacia, engenharia e serviços educacionais).
Apesar de todo essa especialização a cidade do Recife enfrenta sérios problemas de concentração de riquezas e um forte comércio informal assegurando um processo de hipertrofia dos Setor. Mas devemos também, considerar a importância do setor no que consiste num número de micro e pequenas empresas prestadoras de serviços que têm um papel importante para a economia da cidade, em especial como absorvedoras de mão-de-obra.
As pontes como eixo urbano foi o elemento de comunicação para a cidade observamos esse fixo com o propósito de dinamizar as atividades econômicas do espaço geográfico distribuindo serviços, circulando pessoas expandindo o território fomentando ações dos homens em temporalidades distintas.
Analisando os aspectos gerais da cidade do Recife podemos evidenciar as seguintes características: Recife, capital do Estado de Pernambuco situa-se no litoral nordestino e ocupa uma posição central, a 800 km das outras metrópoles regionais, Salvador e Fortaleza, disputando com elas a influência regional.
As coordenadas geográficas: Latitude 8º 04’ 03’ S e Longitude 34º 55’ 00º W.
Observando o marco zero podemos evidenciar vários aspectos, entre eles o limite da cidade a Leste com o Oceano e na direção Oeste o traçado das ruas apresentando objetos fixos pretéritos entre eles o prédio onde funcionava a bolsa de valores na época da cana- de açúcar. Um outro critério deve ser averiguado: é o padrão das ruas estreitas facilitando as relações de vizinhança em temporalidades diferentes.
A análise das intervenções urbanas na cidade do Recife, alterando a fisionomia, estrutura e relações decorrem substancialmente, à multiplicidade de vetores que percorrem a rápida substituição dos objetos. Estes mesmos sendo recentes, são valorizados e desvalorizados. Vivemos os momentos dos objetos: Isto significa que os objetos são dotados de intencionalidades.

3 Comments:

Mileichon said...

Muito bom professora!

Esse texto abrange todos os aspectos da nossa cidade!


Xero

Kido - CineBlog said...

Adorei saber q vc tem um blog.
Lerei sempre, p ver se arendo um pouco de geografia com quem sabe!
Um abraço!

Unknown said...

Ótimo texto. Como eu sou uma alune de 14 anos de Salvador, eu só queria entender o que é organização espacial. Ficou claro!

 
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